25 agosto 2024

 

PCC por trás dos incêndios de SP

Prisões e investigações se intensificam no interior paulista, também por parte da Polícia Federal e da Polícia Civil

Allan Dos Santos
Ago 25, 2024

São Paulo - A Polícia Militar do Estado de São Paulo prendeu Alessandro Arantes, de 42 anos, no domingo, 25 de agosto, na cidade de Batatais, interior de São Paulo. Arantes é suspeito de ter provocado incêndios criminosos, conforme relatado pelo portal de notícias Metrópoles. Ele teria alegado filiação ao grupo criminoso Primeiro Comando da Capital (PCC) e gravado um vídeo no qual comemorava as ações incendiárias, segundo informações divulgadas pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado.

A prisão de Arantes ocorreu em flagrante, quando ele estava incendiando uma área de mata na região de Franca. A Polícia Militar foi acionada por moradores locais que testemunharam o ato criminoso e denunciaram às autoridades. Durante a abordagem, Arantes estava em posse de um isqueiro e uma garrafa de gasolina. As autoridades informaram que ele possui um extenso histórico criminal, incluindo crimes de roubo, furto, homicídio e posse de drogas.

Enquanto isso, a Polícia Federal anunciou a abertura de dois inquéritos para investigar a série de incêndios que vêm ocorrendo no interior do estado. Em São José do Rio Preto, um homem de 76 anos foi preso no sábado, 24 de agosto, após ser flagrado incendiando lixo em uma área de mata no bairro Jardim Maracanã. Os incêndios, que têm se espalhado pela região, já resultaram em fatalidades. Dois funcionários de uma usina em Urupês, na região metropolitana de São José do Rio Preto, perderam a vida enquanto combatiam as chamas.

A Polícia Civil também está à procura de um motociclista que foi filmado ateando fogo em um terreno na zona sul de São José do Rio Preto. A situação levou a Defesa Civil a emitir um alerta máximo para queimadas em 46 cidades do estado de São Paulo, sendo que 21 delas estão enfrentando focos ativos de incêndio devido à intensa onda de calor que atinge a região.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que o estado de São Paulo registrou 3.480 focos de incêndio em agosto, o maior número desde 1998, superando o recorde anterior de 2.444 focos, registrado em 2010. Esses incêndios já devastaram quase 60 mil hectares de lavouras de cana-de-açúcar, causando prejuízos estimados em R$ 350 milhões aos produtores, conforme a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana).

Os incêndios começaram na região de São José do Rio Preto e se alastraram por diversas outras cidades, incluindo Olímpia, Piracicaba e a macrorregião de Ribeirão Preto. Municípios como Sertãozinho, Barretos, Bebedouro e Batatais também foram gravemente afetados. Em Ribeirão Preto, os moradores do condomínio Alphaville 3 tiveram que evacuar suas residências quando o fogo se aproximou perigosamente das áreas habitadas.

Empresas do setor sucroenergético, como a Raízen, relataram a ocorrência de focos de incêndio em suas áreas de produção, bem como em propriedades de fornecedores e outras empresas da cadeia produtiva.

O Grupo Moreno, que sofreu perdas em suas áreas de cultivo, anunciou uma recompensa de R$ 30 mil por informações que levem à prisão dos responsáveis pelos incêndios criminosos. A Orplana, por sua vez, emitiu um comunicado repudiando os atos incendiários, afirmando que nem produtores rurais nem usinas têm qualquer envolvimento com as queimadas, que só lhes trazem prejuízos financeiros.

A prática de queimar lavouras de cana-de-açúcar, comum no passado, foi drasticamente reduzida após a assinatura do Protocolo Agroambiental em 2007, devido aos impactos negativos dessa prática, incluindo a interferência em atividades essenciais, como a produção de etanol de segunda geração. Nos últimos dias, duas pessoas foram presas sob suspeita de envolvimento nos incêndios em São José do Rio Preto e Batatais, enquanto as autoridades continuam a intensificar os esforços para controlar a situação.

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