quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Por que a extrema-esquerda é antissemita


A tradição judaica é um dos pilares da Civilização Ocidental, o que vai muito além da religião. Não podemos esquecer que Jesus era judeu, o que explica a base judaica do cristianismo, que por sua vez forma as diretrizes morais, culturais e legais do Ocidente.


A principal característica da esquerda é o questionamento da estrutura social vigente, que seria profundamente injusta. A esquerda radical defende a destruição de tal estrutura através de um processo revolucionário.


Ora, poucos povos reúnem as características mais desprezadas pela extrema-esquerda do que o povo judeu, marcado pela preservação da sua religião e dos seus costumes ao longo dos milênios.


Marx afirmava que a religião seria o ópio do povo e, mesmo tendo origem judaica, defendia a secularização não apenas dos judeus, como de toda a sociedade, como o fim da religião organizada. Para ele, a religião não passa de um instrumento de controle, utilizado pelas elites para impedir que os proletários adquirissem a "consciência de classe", e se revoltassem.


Antes mesmo de Marx, durante a Revolução Francesa, em que foi criada a esquerda moderna, há a manifestação de um ódio virulento contra a Igreja, característica que marcou todas as revoluções socialistas, desde então.


Na questão israelense, há uma motivação mais pragmática. Depois da Segunda Guerra, uma das estratégias seguidas pelos soviéticos no escopo da Guerra Fria foi denunciar a influência ocidental como "imperialista", em que o movimento socialista serviria para "liberar" os países que seriam "oprimidos" pelo Ocidente.


A mentira e a hipocrisia são patentes. Na Alemanha dividida, não há notícia de alguém querendo fugir do lado ocidental, em busca da "liberação" do lado oriental, que vivia sob o jugo de uma ditadura brutal, assim como em todo país dominado pelos comunistas.


Mas a propaganda segue sendo utilizada até hoje. Os soviéticos instrumentalizaram o sentimento antissemita dos muçulmanos, unindo-o à causa palestina, para combater a única democracia do Oriente Médio, aliada dos EUA, o grande inimigo.


Treinaram um egípcio chamado Yasser Arafat para liderar a OLP. O objetivo nunca foi criar um estado palestino, mas sim fustigar Israel. Tanto é assim que sistemáticos acordos oferecidos pelos israelenses ao longo das décadas foram rechaçados por lideranças palestinas.


Desde a queda do Muro, com a suposta "vitória" do Ocidente sobre os soviéticos, uma nova estratégia foi promovida pela esquerda revolucionária, através das políticas de identidade: negros, mulheres, índios e outros grupos "oprimidos" deveriam se unir para combater a desigualdade e os preconceitos que marcariam a sociedade ocidental "patriarcal e racista".


Seguindo a lógica revolucionária, a definição sobre quem é "oprimido" não deve ser feita pela postura dos grupos, mas pela condição socioeconômica. Logo, os judeus, que na média apresentam uma condição socioeconômica mais alta, nunca poderiam ser considerados um dos grupos "oprimidos", mesmo tendo sofrido a maior perseguição genocida da história da humanidade, e serem alvo de preconceito até hoje.


Não, os judeus seriam os "opressores", não só pela sua condição socioeconômica, mas também por serem os portadores da essência da tradição ocidental, irremediavelmente injusta.


Por outro lado, os palestinos, na média mais pobres, numa sociedade subdesenvolvida por qualquer critério que seja utilizado, se enquadrariam perfeitamente na categoria dos "oprimidos", segundo a cosmovisão da extrema-esquerda.


Não importa se a maior responsabilidade desse subdesenvolvimento seja a sua própria cultura retrógrada e violenta, em que mulheres são tratadas como cidadãs de segunda classe, gays são condenados à morte e quem não professa a religião islâmica é perseguido, só para ficar em alguns exemplos.


Não, sua situação é resultado da "opressão" dos malvados judeus, e contra tal "opressão", qualquer violência é justificada, inclusive o assassinato e estupro de mulheres e crianças, a tortura e o sequestro por grupos terroristas palestinos.


Se a desgraça palestina é culpa dos israelenses, porque o IDH de Gaza, ou da Cisjordânia, mesmo sendo baixo, é maior do que a média de outras nações islâmicas do Oriente Médio?


Resumindo, são várias as raízes do ódio que a extrema-esquerda nutre por Israel, tanto por questões fundamentalmente ideológicas, quanto pelo alinhamento com objetivos táticos do movimento.


Infelizmente, muitas pessoas que não são antissemitas, ou até mesmo judeus, não entendem essa dinâmica e acabam caindo na mais abjeta propaganda, que justifica os piores crimes em nome da "justiça social".

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